Editorial: Chover no molhado
14/07/2019 17:02
A temática deste comentário é dirigida de forma pontual à Saúde, mas não poderia deixar de mencionar as chuvas torrenciais que, inesperadamente, pelo volume, fizeram vir à tona, mais uma vez, os problemas centenários de nossa capital, especialmente, e, também, em todo o Estado de Sergipe. Todo compendio sobre urbanismo ressalta que nenhuma obra é feita para suportar a violência rigorosa de intempéries imprevisíveis da natureza. (Ao que se sabe, no Japão, ultimamente, como os terremotos são previsíveis, edifícios e residências são construídos para suportar os abalos sísmicos.)
O saneamento e a manutenção de suas finalidades não têm sido os pontos fortes das administrações públicas, porque são obras que ficam debaixo da terra e não atribuem visibilidade na hora das eleições, quando os candidatos se esbaldam em mostrar as obras realizadas, especialmente, se desejam recondução aos cargos.
Acresça-se a esta realidade conceitual, o crescimento demográfico e os núcleos e avanços desregrados de construções sem a necessária estrutura para enfrentar intempéries, especialmente aquelas que, de forma ilegal e geométrica, são feitas pela população mais carente, de maneira precária, sem qualquer ordenamento, na tora, criando fortins miseráveis para uma vida sub-humana. Diga-se de passagem, sob os olhares complacentes da administração pública.
E, nesse eito, a Saúde Pública vê-se a braços com problemas homéricos: depois das chuvas e de contar com o apoio humanitário que nessas horas aparece, com abrigos improvisados e assistência às necessidades mais prementes, volta tudo à vala comum.
Quando as águas baixarem, dos abrigos coletivos e degradantes, os assistidos preferem voltar à individualidade de seus barracos e casebres, agora ainda mais esvaziados pela destruição que as águas causaram aos seus minguados pertences.
Antes que tudo volte à uma normalidade consentida de vistas grossas ao que passou...
Em quanto o apelo de solidariedade que imagens recentes ainda ressoam no inconsciente coletivo...
Renove-se, enfaticamente, a convocação dos gestores públicos - que estiveram tão coesos nesses momentos tão dramáticos - à efetiva realização de um amplo programa conjunto de providencias, que nos permita dizer que, ao fazer este alerta não estamos, mais uma vez, “chovendo no molhado”.
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